quinta-feira, 27 de março de 2008

Pingue-pongue

Alunos do curso de Jornalismo da UCS me entrevistaram sobre a atividade de assessor de imprensa.
Algumas perguntas e respostas:

O que te levou para a assessoria de imprensa?
Foi um caminho natural, a partir do momento em que passei a integrar um projeto político sério e comprometido com o futuro da cidade.

Na sua opinião, qual a principal diferença entre assessoria de imprensa (AI) e o chamado 'jornalismo convencional'?
Há diversas diferenças, a começar pela linguagem, pelo ambiente e pela rotina. Eu destacaria que, enquanto na assessoria o profissional está focado num único segmento (pessoa, projeto ou organização que ele assessora), no jornalismo diário, a gama de temas, enfoques e pautas é muito mais ampla.

Já sofreu algum tipo de discriminação por parte dos colegas jornalistas pelo fato de trabalhar com AI?
Nunca me senti desta forma. Pelo contrário, acho que sou privilegiada por amar o que faço e ter uma remuneração acima da média do mercado.

Como é a rotina de profissional? (tarefas, horários,...)
Mantenho reuniões com a Direção e com a equipe da Assessoria de Comunicação, que coordeno. Além disto, é preciso estar em contato permanente com a equipe interna (técnicos, assessores, diretores, etc) para identificar pautas e demandas. Também monitoro os veículos, planejo e organizo eventos, aprovo lay-outs, abasteço o site da empresa e intranet com notícias, crio releases e acompanho as entrevistas dos diretores, orientando-os quanto à máxima clareza e objetividade. Ao contrário do que muita gente pensa, um assessor de comunicação como eu trabalha 24 horas por dia. É preciso estar à disposição dos jornalistas com celular sempre ligado e oferecer a informação de que eles necessitam no menor tempo possível, com clareza e objetividade.

Como se dá o relacionamento com a empresa assessorada?
O assessor de imprensa é um profissional de comunicação como qualquer outro. Ele é contratado por uma pessoa, empresa ou organização para divulgar informações e precisa cumprir com seu contrato de trabalho, prestando um serviço. Logo, o relacionamento precisa ser harmonioso e profissional. A assessoria está permanentemente com contato com a Direção, discutindo as pautas e a forma como as notícias serão divulgadas. Na Prefeitura e no SAMAE as fontes internas incluem os técnicos, diretores, secretários, assessores, gerentes, servidores, etc.
Eu diria que o bom relacionamento com estas fontes internas também é muito importante para o trabalho da assessoria.

E com os meios de comunicação?
O bom relacionamento com os profissionais da mídia é fundamental para o sucesso de um trabalho de assessoria de imprensa. Não é fácil, pois as pressões costumam ser muito grandes - tanto para o assessor, que precisa divulgar informações com o olhar de quem o contrata, como para o jornalista, que tem prazos a cumprir e outros compromissos com o veículo de comunicação.

Qual é o primeiro passo para se criar uma boa estratégia de comunicação?
Contratar profissionais experientes.
A assessoria de imprensa esta cada vez mais ligada ao trabalho de gestão de marcas e imagens. Os profissionais precisam ter uma formação diversificada, que permita não só o trabalho de ponte entre assessorado e mídia, mas também implicações com as áreas de marketing, publicidade e relações públicas.
A assessoria tem nas mãos o planejamento da comunicação da empresa. Uma ação desenvolvida hoje pela instituição vai resultar numa pauta (com viés positivo ou não) amanhã. É preciso estar muito atento para a repercussão das ações da empresa junto aos públicos interno e externo. Como serão tratadas pela mídia? Que enfoque irão ganhar? Que flancos permitirão críticas? Qual será a manchete explorada pelos veículos de comunicação? Este trabalho cabe essencialmente ao assessor de imprensa, em parceria com outras unidades.

Quais são as ferramentas principais de um assessor?
Como para qualquer jornalista, a principal ferramenta de trabalho do assessor de imprensa é a INFORMAÇÃO.

Como administra os conflitos de interesse no seu trabalho? (empresa x verdade x imprensa)
Sempre me pauto pela ética. A minha ética. Na faculdade de Jornalismo vocês já devem ter aprendido que não existe “verdade”. Existem versões, dependendo do ponto de vista de cada um. Os conflitos existem e são freqüentes. Não há uma fórmula para enfrentá-los. Eu procuro me valer do bom senso e de muito diálogo.

Meu comentário final: as faculdades de Jornalismo até podem formar bons assessores de imprensa. Porém, deixam a desejar na preparação de "gestores da Comunicação". Em muitos casos, o problema está mais ligado ao currículo do curso do que à qualidade do ensino propriamente dita. Jornalistas são formados para ser empregados/ tarefeiros, nunca gestores. Pq será?

3 comentários:

Anônimo disse...

Oi Ale, sudades de ti.
Sempre dou uma passadinha por aqui para ler tuas histórias, tenho gostado bastante. Um grande abraço..

Bonassoli disse...

Oi, moça!

Primeiro, o quê acontece? A senhorita sumiu!
Segundo, parabéns pelo blog. Já vai estar linkado lá na minha área.
Terceiro, ótimas respostas. Vou tomar a liberdade de reproduzí-las no meu blog. Raramente vi a profissão de assessor de imprensa ser tão bem explicada.
E, de fato, os cursos de jornalismo ainda não parecem estar atualizadas. Mostram o que é um assessor mas deixam em branco o gestor. Um conceito que, convenhamos, era embrionário quando nós tivemos aulas de Comunicação Institucional.

Saudades de ti, guria!
Beijobeijo

Alexandra disse...

Grande Magoo!
Infelizmente, a vida tem disso: nos aproxima de amigos especiais, como todos os que fiz em Floripa, e, de repente, nos afasta para outras paragens. No meu caso, minha querência amada.
Obrigada pela visita.
Mandem notícias pelo baldisserotto@hotmail.com
Saudades de todos!!!